quinta-feira, 17 de setembro de 2009

A TELEVISÃO ME DEIXOU BURRO, MUITO BURRO DEMAIS...

No filme Noivo Neurótico, Noiva Nervosa, de Woody Allen, o comediante Alvy Singer (W. Allen), em certo momento, diz: “Na Califórnia, não existe lixo, eles reciclam como programa de TV”. Jamais foram ditas mais sábias palavras sobre a televisão.

Desde a década de 1950, a televisão tem feito parte de nosso cotidiano, e, coincidentemente, a produção artística e cultura diminuiu consideravelmente a partir deste período. Por que será? É possível co-existir alguma forma de pensamento com o vazio, com o oco?

A grade televisiva varia sua programação entre talkie-shows, telenovelas, talkie-shows, telenovelas, telejornais, telenovelas (desta vez é sobre mutantes à la X-Men), programas de auditório e programas de esporte (isto significa dizer: jogos do Brasileirão, sobretudo, do Corinthians). O nível do conteúdo desses programas, se é que há algum conteúdo, é, em educadas palavras, um lixo asqueroso e fétido.

Ora, ao invés de ser um veículo formador de opiniões, a televisão faz, diariamente, uma lavagem cerebral em seus “espertos” telespectadores, e mesmo os telejornais, que, supostamente, deveriam informar com clareza, credibilidade e imparcialidade, divulgam as notícias com total interesse próprio, ocultando os verdadeiros assuntos de interesse público.

Não bastasse o circo do Congresso Nacional, (com direito a cartão vermelho para Sarney) onde, paradoxalmente, os palhaços são a população brasileira, agora, quando ligamos o televisor, somos obrigados a assistir à baixaria da Record de Edir Macedo, defendendo-se do “demônio” da TV Globo. Nunca o espetáculo do horário nobre foi tão mesquinho e ridículo, isto é, na acepção etimológica da palavra, ou seja, digno de riso, de escárnio.

Se pesarmos os prós e os contras da televisão, a balança da justiça despencará para “os contras”, pois, dessa máquina de estupidificar e fazer lavagem cerebral, podem ser salvos os raros canais educativos, porque os outros 99,99% visam somente o ibope nessa luta sem escrúpulos pela atenção dos espectadores.

O maior problema do fenômeno televisivo nas últimas décadas tem sido a falta de incentivo à boa música, à literatura, ao teatro, etc., porque essas formas de arte contrariam a alienação imposta pela televisão, haja vista que, em virtude da educação e da cultura, ter-se-á indivíduos mais críticos. O incentivo à produção cultural seria, grosso modo, como atirar contra o próprio pé, pois pessoas com o mínimo senso crítico e moral não aceitariam o lixo que a televisão deposita na cabeça de seu público, e isto, conseqüentemente, desmantelaria o esquema conspiratório desse veículo capitalista de transformar seres humanos em quadrúpedes.

A televisão é, sem sombras de dúvida, um vício os telespectadores... Muitos protestarão, mas a questão é lógica... Vocês não sabiam que drogas causam dependência físico-psicológica?! Quem não assiste à TV desconhece as “coisas importantes”, portanto, está fadado ao isolamento... É como desconhecer as leis constitucionais ou os dez mandamentos. Ai daquele que não assistiu ao último capítulo da novela das 8, que não sabe qual time lidera as divisões de “A” a “Z” (neste caso, “D”) do campeonato brasileiro, que não sabe qual é o novo namorado da velha celebridade, ou se fulano ou fulana assumiu que é homossexual ou que está grávida!

O primeiro e único mandamento da TV é: Não pensarás!... E, diferente da Roma Antiga, não são os imperadores que governam o seu império; quem comanda, hoje em dia, são os burgueses medíocres e intelectualmente limitados... E o pão e circo? O pão é o bolsa família que o governo distribui para os necessitados e os nem-tão-necessitados assim, e o circo, ao contrário de outrora, não é mais um espetáculo truculento entre gladiadores, é infinitamente pior; hoje, o circo é a televisão.

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